sábado, 21 de agosto de 2010




O trabalho assalariado




Mulher Trabalhando em fábrica dos EUA em 1940


O trabalho assalariado é a relação de trabalho caracterizada pela troca da força de trabalho por salário. Difere-se das demais relações de trabalho por prescindir de relações de dependência extra-econômicas (na escravidão, por exemplo, o trabalhador é propriedade do senhor de escravos, enquanto na servidão o trabalhador está ligado à terra e é dependente do senhor de terra). Transformado em forma principal das relações de trabalho com o advendo do capitalismo industrial, caracteriza também a transformação da força de trabalho em mercadoria.
Os trabalhadores assalariados ficam com a “liberdade” de poderem vender a sua força de trabalho, fato que a transforma numa mercadoria trocada por um salário. Perante o costume ou a lei estabelecida, o trabalhador é livre de escolher ou mudar de patrão. Porém, a sua liberdade é apenas aparente, pois na realidade encontram-se sujeitos às relações económicas e sociais características do sistema capitalista. Era frequente a intervenção dos Estados na regulamentação do trabalho assalariado e, bem assim, na fixação de salários máximos ou mínimos, conforme a conveniência dos empregadores. Aliás, os salários mínimos só eram fixados em circunstâncias específicas, como épocas em que a inflação rápida dos preços tornava obsoleta qualquer limitação ou eram tão baixos que ameaçavam provocar o êxodo rural.
Com o crescimento da técnica e da concentração do capital necessário para concretizar uma actividade económica, restava aos pequenos produtores rurais, aos artífices e até aos mercadores menos abastados, uma ocupação que não requeria a disposição destes factores. Criou-se o embrião duma classe de trabalhadores que se vê obrigada a vender a sua força de trabalho para assegurar a sua sobrevivência. Isto não significa que, nos séculos XVI ou XVII, o proletariado já constituísse uma parcela importante da população. Uma boa parte do trabalho assalariado era ainda executado por aqueles que mantinham uma ligação à terra ou ao mester, embora frágil e precária. Só no período da Revolução Industrial é que, na Europa Ocidental, o semiproletariado rural viria a ser activamente retirado da terra. Vencidos os obstáculos à sua deslocação da aldeia para a cidade, só então a indústria capitalista pôde atingir a sua maturidade.

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